segunda-feira, 28 de junho de 2010

Paulo

"Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir (...)"
(M. Nascimento e F. Brant)





Dentre as muitas coisas que eu esperava encontrar aqui em Londrina não constava na lista um irmão: Sim, um irmão mais velho, protetor, às vezes meio chato, sistemático (sistemático não, metódico), certinho, mandão, mas com um coração que quase não cabe no peito de tão grande e bondoso. Um irmão! E logo eu que já tenho tantos. E eu também nunca pensei que fosse sentir tanto quando esse irmão batesse asas, logo eu também que sou acostumada a ver as pessoas que eu gosto irem embora pra longe de mim.

Eu vou chorar, sei muito bem disso e vou chorar mais ainda quando você ler, porque afinal, estas linhas têm um tom triste, de saudade, nostalgia, mas espero que daqui um tempo nós possamos rir delas, todos nós juntos, outra vez.

Quero te desejar toda sorte do mundo nesta nova jornada: A vida é assim mesmo, uma linha estreita, tênue, apoiadas em extremidades frágeis, que muda a todo tempo.

Ontem, no seu churrasco de despedida, eu realmente conheci o ser humano Paulo André Dognani, que tem determinação, força, metas, sonhos, mas que também tem sentimentos, apegos e principalmente medo.

Tenha medo Pa! Tenha medo do novo, do diferente, do certo: Permita-se sentir receio de largar tudo que você construiu aqui em 11 anos, das coisas que vai deixar pra trás, dos amigos que cultivou, de tudo que viveu. Permita-se chorar, pois homens também choram (e as mulheres gostam disso). Permita-se duvidar se essa é mesmo a escolha certa. Permita-se ter ao menos vontade de voltar atrás. Apenas permita-se.

Volte se precisar, faça de novo se estiver mal feito, ligue se sentir que a ausência está esfriando seu sangue, chore se doer, cante quando estiver feliz, fale sozinho se precisar preencher um vazio, beba se precisar de muita coragem, procure colo quando a solidão mostrar suas garras. Tenha asas para bater e raízes para voltar (eu ouvi isso no sábado e agora resolvi passar).

A vida não é feita só de escolhas, é feita de sonhos também: Ouça-os, de vez em quando.

“Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar” (Gilberto Gil)





segunda-feira, 21 de junho de 2010

Quatro vacas

Meu irmão mais novo é compositor (iniciante, nas horas vagas), dentro de seu acervo, por exemplo, encontra-se a canção Chibanti, que já foi postada nesse blog, juntamente com seu conteúdo histórico-cultural.
Tempos atrás, João compôs a canção “Quatro vacas” e resolveu mostrar sua obra de arte ao nosso primo, Maurício, de 12 anos de idade, que dentre suas preferências estão os desenhos Dragon Ball Z e Naruto e seu time do coração é o Palmeiras, embora sua mãe tenha tentado persuadi-lo a ser São Paulino.
Enfim, num belo dia meu irmão apresentou a música ao Maurício, com direito ao acompanhamento da guitarra. Eis a letra:

“Menina, pare com isso, ainda te amo
Mas você é uma vaca e todos nós sabemos (3 vezes)
Sua mãe, não toma conhecimento, é outra besta
São duas vacas e todos nós sabemos (3 vezes)
Sua tia, tá sempre na esquina
Já são três vacas e todos nós sabemos (3 vezes)
Faltou sua avó, dona da zona
São quatro vacas e todos nos sabemos (3)”.


A canção foi complementada por um solo de guitarra, e ao final, singelamente, Maurício expressou sua opinião:
- Olha cara, ficou bom, mas acho que você tinha que tirar esse negócio de vaca.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O redator publicitário

Qual redator publicitário não gostaria de sair em busca de um emprego com uma pasta recheada de peças? Com um volume significativo de ideias prontas mostrando que ele não tem apenas talento, ou a sorte de estar concorrendo àquela vaga, mas que mostre o que ele sabe fazer.
Dizem que boas ideias são sempre bem-vindas, já no mundo da publicidade as boas ideias são bem-vindas e necessárias, títulos bem construídos, conceitos com soluções visuais, aquele texto tocante que chega direto ao emocional do consumidor, ideias inovadoras, mídias alternativas, projetos, algo que enchesse os olhos do diretor de arte, do empresário, do RH, de toda empresa.
Uma propaganda de meias, veiculada no dia dos namorados, pela TV, onde se mostrasse que todo mundo precisa de alguém: Um alguém para um jantar romântico, para aquele cineminha regado a pipoca, refrigerante e outras “porcarias” vendidas nas lojas de departamento, para aquela corrida no parque na tarde de sol, um alguém para tomar aquele chocolate quente na noite fria de inverno, pra pular carnaval abraçado naquela muvuca no nordeste do Brasil, alguém pra passear de gôndola na lua-de-mel em Veneza, pra tomar vinho na sacada do apartamento, olhando as estrelas, sem ter nada pra comemorar. Em situações como essa, um slogan como “Todo mundo precisa de um par”, seria mais que sugestivo, seria perfeito.
Ou simplesmente uma propaganda de um bombom tradicional no mercado, que se dedicasse a explanar sobre um dos melhores sabores da vida: o do beijo apaixonado como na infância, o sabor do primeiro beijo, depois, na adolescência, o sabor do beijo proibido, roubado bem rapidinho, no portão do colégio. Ou, logo após o “sim” o sabor do beijo consumado, o abre-alas de um mundo de sonhos.
Muitas ideias moram na mente de um redator, como a singela frase, completada por um abraço ao fundo: O melhor da saudade... É matar a saudade. Sugestivo, talvez, para uma companhia aérea.
Enfim, as idéias existem, e povoam a mente do redator, às vezes o que falta é uma oportunidades de elas serem vistas, lidas, usadas... É o que estou procurando, e de onde vieram essas têm muito mais!

Contatos

Como a vida não é feita só de boa histórias para serem lidas e ouvidas, preciso deste espaço para divulgar meu currículo.
Luiza Marim é redatora, está disponível para o mercado de trabalho e também para freelancer.
Se alguém puder dar uma forcinha é só deixar o contato aqui, nos comentários ou por:

Email: marimluiza@gmail.com/
Orkut: Luiza Elena Marim (é só me procurar)
Facebook: Luiza Marim (Também estou por lá)
Follow me @Luizamarim
E por fim no www.formspring.me/marimluiza

Telefones:
(43) 3367-3383
(43) 9131-6189

segunda-feira, 14 de junho de 2010

História rápida I

Quando eu era mais nova, dos 14 até mais ou menos os 17 anos eu ia muito a bailes no Iate Clube, na cidade de Piraju, que fica há 18 km, de Sarutaiá, onde eu morava.
Raramente meus pais me deixavameu dormir na casa de minhas amigas, normalmente eles me levavam para Piraju umas 22:30 e já na ida, combinávamos o horário que meu pai iria me buscar, normalmente as 05:00.
Sempre na ida eu e minhas amigas ouvíamos nossas músicas preferidas, que agora não me recordo muito, mas acredito que a maioria se resumia em estrangeirismos da moda.
Sempre, as 05:00 em ponto meu pai estava na porta da clube, algumas vezes de pijama, outras com roupas típicas, como suas camisas de flanela, o suéter azul claro, que na época já era velho, mas ele usa até hoje, e seu cachecol verde musgo. Meu pai sempre teve um gosto diferenciado para músicas, e na volta era ele quem comandava o som. Eu não discordava, porque pensava: Coitado, acordou 04:30 pra buscar a filha no baile e não tem nem o direito de ouvir suas músicas.
Mas, as músicas preferidas do meu pai eram, pasmem ou não: Hinos! Isso mesmo, meu pai tinha (acho que ainda tem) um CD que contém todas as músicas brasileiras patrióticas possíveis: Hino Nacional, da Bandeira, da República, Canção do Expedicionário, entre outros sucessos. Ora, ele alternava com músicas sertanejas raiz ou os melhores tangos de Garbel, mas na maioria, eram os famosos hinos. No começo eu tinha vergonha, mas com o passar do tempo eu achava meio normal e meus amigos também não reclamavam, afinal, uma carona às 05:00 da manhã não era de se dispensar, ainda mais pela trilha sonora quase exótica.
Hoje, porém, pensei nos pais; Não tanto no meu, porque a fase dos estrangeirismos e outras coisas da moda foi quase meteórica pra mim, mas sim, nos pais em geral. Será que eles também não passaram por situações em que sentiram um pouco de vergonha dos filhos, do comportamento, das companhias, do jeito de agir e se vestir?
Acredito que muitos passem por situações constrangedoras do tipo: - Tenho que levar meu filho e os amigos dele no show do Latino! E eles vão ouvindo o cd novo, ao vivo, o caminho todo! Que vergonha, Meu Deus, onde foi que eu errei?

domingo, 6 de junho de 2010

6 de junho

6 de junho
Eu poderia, mas não vou esperar minha velhice para escrever sobre esta data, se é, que algum dia meu espírito envelhecerá.
Domingo, dia ensolarado, temperatura mais baixa, mas eu adoro. Adoro o outono, as folhas caindo das árvores, os dias mais curtos, o anoitecer precoce, os casacos, as botas, as combinações com gorros e cachecóis, as bebidas quentes e mais fortes.
Ameno, sereno, calmo, transparente, sem alarde e sem muitas comemorações: Assim foram todos os 6 de junho, mesmo os primeiros. Hoje, se mistura há tantas outras datas, perdidas na folhinha, ou no calendário que se abre quando o cursor passa, no lado esquerdo do computador. Na verdade, não sei dizer qual dos dois meios que você utiliza para se localizar no tempo, esta questão consta na lista de coisas que não sei sobre você.
Na verdade não sei nada sobre você, sei o time que você torce porque é uma coisa que todo mundo sabe desde quando você tinha 9 anos idade. Não sei se prefere doce ou salgado? Frio ou calor? Montanha ou praia? Coca ou guaraná? Não sei sua música preferida, seu cantor preferido. Quem é o seu herói? Sente falta de alguém? Tem medo da morte? E do escuro? Quer ter família, carro e casa grandes, quintal com cachorro e três crianças correndo pra lá e pra cá.
O mais triste é pensar que eu nunca soube isso... Que foram anos de convivência e uma enorme lista de questões sem resposta. E porque? Porque um dia ambos acordaram e decidiram não querer mais, definitivamente não querer mais nada. Nem não saber...
Passou o tempo. Já são doze anos desde aquele primeiro 6 de junho.
Às vezes eu me esforço, afinal quero ter uma lembrança dos anos de convivência, uma lembrança boa, poder encontrar com você um dia na rua e dizer: “Bom dia”, “Sim, ele fez parte da minha vida, colaborou para que eu fosse quem sou hoje”, “Sua família é linda”, “Sempre torci muito por você”, “Seja feliz”, “Obrigada”.
Mas, o 6 de junho é só mais uma data, assim como o 13 de fevereiro, o 23 de agosto, o 5 de dezembro. Uma data que, mesmo meio tímida já foi festejada, esperada, lembrada com dor, saudade, ausência. Lembrada num dia, por acaso, ao abrir um celular para receber uma ligação, lembrado num dia de solidão, num quarto vazio e frio, lembrado ao lado de alguém que não significava nada, lembrado hoje, num momento confuso, mas que eu tenho ao meu lado o que sempre me faltou e hoje me completa.
6 de junho é uma data que ficou pra trás, meio esquecida e escondida pelo pó deixado pelos 12 anos de estrada. Pela janela, eu o vejo indo embora, na escuridão, seguido preguiçosamente de um céu estrelado “... São tantas coisinhas miúdas, roendo, comendo, arrasando aos poucos o nosso ideal”.