segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Talvez se você mudar, eu não te ame mais

Talvez não veja mais graça em acordar todas as manhãs e não tropeçar no seu chinelo, ou no tênis que você colocou apenas um pé debaixo da cama (se teve o trabalho de colocar um, porque não colocou logo os dois).
E aquelas chuteiras fedidas que você insiste em usar todas as terça-feiras quando diz que tem futebol antes daquela cervejada com costela.
Como diria Gonzaguinha (eu e meu saudosismo, mais uma vez) “... São tantas coisinhas miúdas, roendo, comendo, arrasando aos poucos o nosso ideal”. Algumas chegam até mesmo a ser engraçadas, como você não conseguir entender como duas horas no salão de beleza me fazem uma nova mulher, que fazer pé e mão e uma boa escova no cabelo é tão importante quanto seu time ganhar o Brasileirão.
Sim algumas coisas são de estrita importância pra mim, como Paula Toller (a Diva) na minha Playlist, mesmo você repetindo todas as vezes que ela desafina, que ela dorme todas as noites no formol, que ela destruiu a amizade entre o Leoni e o Hebert Viana (Meu Deus, de onde você tira essas idéias?) e que as músicas dela que eu gosto são mais velhas que eu (Embora eu me sinta levemente honrada com essa afirmação: Toda mulher gosta de se sentir mais jovem, mesmo antes dos 30).
Embora o som que eu goste seja de velho, as roupas que eu gosto sejam de velha (o que tem demais não usar saia acima do joelho? Não estou no “Esquadrão da Moda” – Ai se alguém me inscrever naquilo...) os lugares que eu gosto de freqüentar sejam aqueles com música ambiente, pouca gente e ninguém do lado enchendo o saco para que eu apague o cigarro (ainda mais agora com essa lei anti-fumo)...
Ah, vou aproveitar pra confessar que menti: Não parei de fumar! Todas as vezes que saio com as meninas (não só aquelas que você não gosta, mas aquelas que você gosta também, incluindo sua irmã mais nova) eu fumo e não entendo como você, o senhor “Sinto cheiro de cigarro a quilômetros” não percebe... Ou talvez você perceba e não diga nada, porque essas “coisinhas miúdas” não te incomodam. Esse seu jeito de não se incomodar por pouca coisa me irrita, e gera uma ponta de inveja também... Às vezes eu queria ser assim como você, mas só às vezes.
Voltando a questão de comportamento incompatível com a idade, embora todas essas coisas e as manias de velha como organizar as roupas por cores, os vestidos por tamanho e as sandálias por altura do salto e ter aquele gato gordo que só come e dorme e no meu apartamento, em momentos como esse, em que estou sentada na cadeira que range, olhando pra janela grande (que, diga-se de passagem, está precisando ser lavada) eu me sinto como uma criança, fazendo desenho com o lápis de cor e estou rindo de mim mesma, desta carta, porque daqui a pouco você chega, cansado, e ao mesmo tempo em que quer falar sobre os problemas do trabalho, não quer falar, pois está tentando aprender a deixar os problemas do trabalho no trabalho; E eu estarei aqui esperando, sorrindo, prepararei um capuccino bem forte e espumante pra você.
Talvez você tome um banho e juntos iremos ver TV até adormecermos, ou iremos para o quarto e faremos amor até cansarmos, ou simplesmente deitaremos um de frente para o outro e falaremos sobre o futuro... Não sei direito como será, só sei que quero estar aqui, te esperando.
Com amor...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Escrever é assim

Acordei e pensei em você, na verdade não sei se esse que eu pensei é bem você, acredito que seja uma imagem boa sua que guardo comigo, afinal já se passou tanto tempo.

Vinte e três do oito, não sei exatamente porque, mas automaticamente eu ligo ao vinte e três do três do Leoni, que segundo o próprio, não tem significado nenhum, a data foi citada apenas em função do ritmo, rima, musicalidade... Uma pena! Lembrei que era seu aniversário ontem, quando fui assinar um cheque no supermercado e vi que era vinte e dois e que “Amanhã é vinte e três”... De novo Kid Abelha, embora “As cartas que eu não mando” seja apenas do Leoni, que fez parte da banda, mas segundo consta ele abandonou-a por questões do coração, um amor mal resolvido com Paula Toller.

A gente até foge, mas olha o amor influenciando de novo! É, “Amanhã é vinte três” fez isso com a gente, eu me lembro do seu aniversário de vinte anos (eu tinha treze) e também lembro que pensei em você na frase “Há vinte anos você nasceu, ainda guardo um retrato antigo”.

Acho que todo mundo guarda retratos antigos, tem gente que guarda por um tempo, e depois joga fora sem nem perceber, outros guardam e dão uma olhadela de vez em quando. Eu guardei suas fotos e algumas outras coisas: Cartões de várias datas, a embalagem do primeiro perfume que você me deu, fotos suas 3x4, fotos nossas. Eu guardo, mas não mexo nelas, não olho, mas gosto de saber que elas estão lá, no lugar de sempre.

Sabia que eu ainda tenho o costume de pensar que tudo que eu escrevo pode virar novela? Ah, e tem outra coisa, eu ainda vou escrever novela! Daqui uns anos você vai estar sentado na poltrona da sua casa, lendo a Veja da semana, vai ver a chamada, falando sobre a estréia da nova novela e vai ouvir meu nome, você pode não dizer (é, você não vai dizer), mas vai pensar: "E não é que ela conseguiu?"

Eu já achei que podia abraçar o mundo e ser o que quisesse, e confesso, bem diferente de você, eu pensava assim até pouco tempo...

Nossa, fugi do foco, eu estava aqui para escrever um texto pra falar de redação, das coisas que eu escrevo, na maneira como eu posso contribuir para o crescimento da empresa, falar coisas que me diferenciem dos demais que também estão em busca de uma oportunidade, mas... Eu juro que eu tentei prestar concurso pra trabalhar no banco (e quase passei), trabalhar no shopping, com eventos, com rotinas administrativas, mas, nesse tempo, os dias pareciam se arrastar, a minha pele não tinha cor e meu sangue corria frio por minhas veias... Eu confesso: Eu quase consegui me encaixar em algum desses espaços, mas não passei do “quase” (“Eu sei de quase tudo/E de quase tudo mal), me perdoem, mas essa eu peguei do blog do Felippe Aníbal.

Escrever... Viver pra mim é isso: Colocar tudo que eu penso no papel, conseguir ligar os parágrafos, concatenar as idéias e criar textos que eu gosto, que as pessoas gostam, elogiam e isso é uma recompensa sem tamanho pra mim: É isso que eu amo e sei fazer, é disso que eu espero viver, é com o dinheiro que ganharei escrevendo que eu vou pra Disney passear nas xícaras da Alice, é também com ele que comprarei para minhas afilhadas sapatos iguais aos meus, é isso que eu vou fazer até ficar bem velha e cansada. Escrever é passar aos outros tudo que eu sinto, que eu vejo, que eu tenho vontade de ser, é dar liberdade a alma... Escrever é eternizar

Eu acredito que sua vida já esteja certa, talvez você já tenha uma casa, um carro, amigos importantes, dos quais você ganhará bons presentes de aniversário: Um livro, uma caneta com seu nome gravado, camisas de marcas, uma garrafa de tequila (não sei, mas acho que você não deve tomar tequila)... Talvez você se dê uma viagem para Buenos Aires de presente.

E eu...

Eu só posso ficar feliz de todas essas coisas estarem acontecendo em sua vida, de verdade!

Não posso mudar o que passou, e acredito que se voltasse no tempo faria tudo igual, talvez com um pouco menos de pressa...

E de novo, pra você, que não vai ler, feliz aniversário!