quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Tati


Embora a ideia inicial deste blog não seja reproduzir conteúdo, não pude deixar passar este texto.
Sabe aquelas "bem traçadas linhas", que dizem tudo? Aquela que você olha e conclui: Poutz, era isso mesmo.
E ninguém melhor que Tati Bernardi para produzir este efeito catártico.
Obrigada, garota!

Sobras de minha existência pela casa, escondidas para não irritar a nova mocinha. Meu pijama sufocado num canto da gaveta para que nenhuma lembrança respire. Meus chinelos abduzidos no meio da “sapataiada”, tão pequenos que quase inexistem ou poderiam passar tranqüilamente por pares de criança. Fotos, milhares delas, guardadas sem carinho, uma preguiça triste de arrumá-las em álbuns. Estão lá, paralisadas em momentos felizes, tradutoras de uma vida que quase foi, trancadas porque o que quase foi não pode atrapalhar o que ainda pode ser. Talvez um fio de cabelo, o último deles, esteja nesse momento sendo varrido e levado pelo vento forte e solitário que não deixa dúvidas que o inverno chegou.
Inverno que era sempre comemorado porque eu sabia que ele não sentiria tanto calor para dormir e eu poderia ser abraçada de conchinha o tanto que desejasse. Agora é outra que suspira protegida olhando o quadro do Monet e ri apaixonada de algum provável barulho que ele faça com seu nariz estranho, jurando na manhã seguinte que não ronca. Saudade não é ex, tampouco amor. Mas a vida da qual abrimos mão por um sonho (ou por um erro) é passado. E de escolhas e de perdas é feita a nossa história.
Não há nada que se possa fazer a não ser carregar por um tempo um peso sufocante de impotência: eu escolhi que aquele fosse o último abraço. Agora é outra que se perde em ombros tão largos, tomara que ela não se perca tanto ao ponto de um dia não enxergar o quanto aquele abraço é o lado bom da vida. Da vida que te desemprega mesmo depois de tantas noites em claro e de tantos beirutes indigestos. Da vida que te abre uma porta que você jura ser a certa mas quando resolve entrar descobre duas crianças brincando na sala e uma mulher esperando no quarto. Da vida que te confunde tanto que você quer se afastar de tudo para entendê-la de fora. Da vida que te humilha tanto que você quer se ajoelhar numa igreja. Da vida que te emociona tanto que você não quer pensar. Da vida que te dá um tapa na cara pra você acordar e não tem ninguém pra cuidar do machucado e dizer que vai ficar tudo bem. Da vida que te engana.
Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo. Se fosse uma comédia-romântica-americana, a gente se encontraria daqui a um tempo e eu diria a ele, que mesmo depois de ter conhecido homens que não gritavam quando eu acendia a luz do quarto, não faziam uso de um cigarro que me irritava profundamente e sobretudo minha rinite alérgica, não amavam os amigos acima de, não espirravam de uma maneira a deixar um fio de meleca pendurado no nariz, não usavam cueca rosa, não cantavam tão mal e tampouco cismavam de imitar o Led Zeppelin, não tinham a mania de aumentar o rádio quando eu estava falando, não tiravam sarro do bairro em que nasci, não insistiam em classificar minhas mãos e pés como seres de outro planeta, não ligavam se eu confundisse italiano com espanhol e argentino, nomes de capitais, movimentos artísticos, datas de revoluções e nomes de queijo, era ele que eu amava, era ele que eu queria. E ele me diria que, mesmo depois de ter conhecido mulheres que conheciam a Europa e não entupiam o ralo com cabelos, mulheres que tinham nascido em bairros nobres e charmosos de São Paulo, ou melhor, do Rio de Janeiro, mulheres que arrumavam a cama e não demoravam tanto para sentir prazer, não entravam de sapato no carpete, não tinham uma blusa ridícula com uma rajada de dourado, não eram dentuças e tampouco testudas, não cantavam tão mal, não tinham medo de cachorros pequenos, não reclamavam do ar-condicionado e nem tinham medo de perder a mãe ou comer uma comida muito temperada, era eu que ele amava, era eu que ele queria. Mas a realidade é que não gostamos desses tipos de filme fraco com final feliz, gostamos dos europeus “cult” onde na maioria das vezes as pessoas sofrem e perdem, assim como aconteceu com a gente.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Escrevo

Eu sou meus textos e minhas sensações.
Eu escrevo pra sorrir, pra aliviar, para dar espaço aos sonhos, pra compor no ritmo.
Para o coração aquietar...
Escrevo para o que é interior ser completo, para eternizar, materializar aquilo que não é expresso em gestos, olhares, ora inimigos, ora grande aliados.
Escrevo aquilo que quero dizer, aquilo que é bom ouvir; Escrevo para substutir as lágrimas, que de vez quando escapam, deixando qualquer um sem defesa.
Escrevo quando o amor não cabe em mim;
Sobre o tempo que passou e sobre o tempo que virá;
Sobre os que fazem falta e os que já não vejo mais.
Já escrevo em cores; Preto e Branco só os flash-backs.
Às vezes descrevo...
O cheiro da infância, da dama da noite da minha rua;
O alívio de ler a última placa na estrada;
A saudade do café preto da minha mãe
Aquela saudade... que é mesmo de calar.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Céu de Brigadeiro


Hoje o céu é de brigadeiro, mas não é possível tocá-lo com a ponta do guarda-chuva.

São tempos difíceis para os sonhadores, como já disse Amélie Poulain, e depois de um dia estranho, em que os fios de esperança quase se perderam por entre os dedos das mãos, três histórias me veem em mente: A primeira é a da mocinha do leite, aquela que estava indo pra cidade vender o leite da sua vaquinha e enquanto caminhava pensava em tudo que ia fazer com o que ia ganhar pelo produto. Por fim, ela estava tão distraída em seus pensamentos, que tropeçou, perdeu o equilíbrio, levou um tombo e derramou todo o leite. Acho que foi daqui que surgiu a expressão “chorar pelo leite derramado”.

A segunda história é a dos castelos de areia, poucas coisas são lindas, singelas e frágeis como um castelo de areia e é assim que eu me sinto, como um castelo de areia que passou os últimos tempos tentando se afastar da onda, mas não conseguiu fugir e acabou destruído por ela.

E por último, as bananas flambadas regadas de lágrimas, não lembro o contexto, mas tinha a ver com lágrimas espontâneas que insistem em aparecer de vez em quando, pra lavar a alma, afastar a tristeza e abrir meus olhos, pra mostrar algo a mais... Algo como céus de brigadeiro!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dia dos namorados

Não sei exatamente o porquê, mas esse ano o dia dos namorados está diferente pra mim. Acho que quando você está plenamente feliz, tudo conspira a seu favor (acho que Paulo Coelho já afirmou isso),tudo parece mais pleno, completo.
Sim, estou bem feliz, como nunca estive e pensando nisso fiz uma lista com meus 10 filmes preferidos. Há neles as mais belas cenas e histórias de amor do cinema (segundo minha humilde e cética opinião).

Vamos lá!
Em décimo lugar, não menos importante que os outros lugares (é que tinha que ter uma ordem mesmo) meu eleito é Ghost - Do outro lado da vida, de 1990, com Demi Moore (a invejável Sra, Ashton Kutcher) e Patrick Swayze (Saudoso e querido por mim). A história é simples e perfeita, fez parte do início da minha adolescência e sempre que passa na sessão da tarde eu dou um jeitinho de assistir e até deixo escapar umas lágrimas.




Em nono lugar, o doce Meu primeiro amor, de 1991. Eu sempre fui meio fã das histórias de amor sem final feliz (só nas telonas, claro), e esse é um dos meus pontos fracos, sempre choro quando assisto, acontece uma catarse e eu fico imaginando como é morrer um pedaço, porque eu acho que é isso que acontece quando perdemos (em todos os sentidos) um grande amor: Uma parte de nós morre.



Em oitavo lugar De repente é amor, de 2005. Esse filme é perfeito, assisti no cinema em uma das épocas mais marcantes da minha vida: Em Marília, onde morei três fantásticos anos, ao lado daquela que seria minha melhor amiga da vida inteira. Foi em Marília que decidi que passaria o resto da minha vida apaixonada por história de amor e por publicidade, claro.
Ps: Essa história tem final feliz.




Em sétimo, Um lugar chamado Notting Hill, de 1999. Eu amo a Júlia Roberts e a trilha sonora do filme é ótima. Adoro o humor dos amigos do protagonista, adoro o comportamento dela ao tentar encontrar um ponto de equilíbrio entre o que é certo e o que ela realmente quer, pode ser meio “démodé”, mas que acontece, acontece.



Nicholas Sparks está na moda, mas a primeira vez que li uma obra dele foi em 2004, Um amor pra recordar e gostei, embora, às vezes, eu ache suas mocinhas muito esteriotipadas. Mas, Diário de uma paixão, de 2004, o sexto colocado, mostra uma história que vai além do amor, do prazer, do sexo, da paixão, dos valores, do tempo... E eu adoro coisas que vão “além”.



Ainda na esfera dos filmes que fazem parte da adolescência, o quinto colocado é 10 coisas que eu odeio em você, de 1999. Totalmente Shakesperiano, prova que o amor e o ódio não são primos, como já afirmaram, e sim almas gêmeas.



Em quarto lugar Íntimo e Pessoal, de 1996. É um filme antigo, começo dos anos 90, foi indicado por uma amiga na época em que eu sonhava em ser jornalista. Também fala sobre perdas, não tem final feliz... Mas, é aí que mora a magia insustentável do amor!



Pra ocupar a terceira posição, o eleito é Tudo Acontece em Elizabethtown, de 2005. Nem tem tanto romance, nem grandes cenas, mas eu gosto da essência, do fio de esperança que você pode encontrar onde menos imagina. A trilha sonora é demais, dá vontade de ligar o som alto, se enrolar num edredom, tomar capuccino e pensar na vida.



O segundo lugar foi bem difícil de escolher, mas optei por Casablanca, de 1942, que ganhou de Dr. Jivago unicamente pela frase “Nós sempre teremos Paris”... Nem preciso dizer mais nada.



Enfim, o primeiro lugar é deste filme, indiscutivelmente, A vida é bela, de 1997, do gênio Roberto Begnini é único, comovente, reúne o que há de melhor e pior do ser humano numa única esfera. Enfim, tem amor... O amor sorridente, lírico, puro... É ele que faz tudo valer a pena: Postar uma lista dos seus filmes preferidos só pra celebrar a semana dos namorados, ficar horas pesquisando músicas pra gravar um CD especial para se ouvir no próximo dia 12, suspirar olhando as fotos antigas e imaginar as próximas, passar horas rodando no shopping atrás “do presente”... É ele que nos une, nos move e dá mais brilho ao sol de todas as manhãs...



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Feliz...

"Ouvi dizer que tem uma aniversariante por aí? Será que é verdade? Porque pra mim, a Lua pode estar em qualquer lugar...
A minha Lua mora no meu coração e sempre que preciso , que sinto saudade de doer, que quero um abraço, um conselho, uma risada eu sei onde encontrar.
Mas a minha Lua também brilha lá longe, porque tem que fazer mais gente feliz.
Hoje é mesmo um dia especial: Há 25 anos minha melhor amiga nascia! A melhor amiga de todas e há cerca de seis anos eu pude conhecê-la e pegá-la pra mim.
Minha Lua, parabéns pelo seu dia, por seus sonhos, pelas suas vitórias, conquistas, pelos seus textos, pela sua vontade de ir além, pelo seu senso de humor, pela sua amizade, companheirismo, inocência, por você ser assim, Luiza, única, autêntica.
Aproveite seu dia e seu ano, ele começa agora e ele vai ser bom, acredite.
Conte comigo sempre, sempre... Te amo muito, infinito e morro de saudade."
(Naicy Marinello)

Parabéns...
Por bater os pés todas as manhãs, não deixando o desânimo agarrar-se a eles;
Por aprender a falar e não gritar, afinal, quem grita perde a razão,
Por não desistir dos seus sonhos e sim, guardá-los na gaveta, para mais tarde,
Por tentar manter sua palavra ao afirmar “Que não vai mais chorar à toa”,
Por aceitar que é apenas um ser humano, cheio de falhas, defeitos e pontos fracos,
Por encontrar qualidades ao olhar-se no espelho,
Por não deixar a dureza de alguns homens esfriarem seu coração,
Por acreditar que o sol brilha todas as manhãs para pessoas como você,
Por entender que seus amigos são poucos, estão longe, mas são seus...
Por pagar suas promessas,
Por aprender a reconhecer as pequenas dádivas e agradecer por elas todas as noites,
Por adorar fazer anivesários...
Por amar sua família e se for preciso, brigar com o mundo todo por ela,
Por finalmente compreender que as coisas não são do jeito que você quer, mas que com jeitinho, elas se adaptam.
E que sua vida é só sua, e cabe a você torná-la única ou apenas mais uma...
(13/02/2011)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Marília

Sonhei com Marília!
No sonho me despedia de lá, arrumava papéis, bolsas, roupas e demais pertences; Estava numa ladeira e contava com a ajuda de duas meninas, que haviam se mudado pra lá há pouco tempo.
Não sei porquê, mas não consegui ir a última aula, enxerguei a professora triste no corredor, alguns alunos andando rapidamente, algum até me disse: "Ela está assim porque é nossa última aula".
Mas, eu não cheguei à sala, eu me perdi, eu queria ir ao banheiro, mas entrava em várias salas e não o encontrava (não é a primeira vez que sonho estar perdida nos corredores da UNIMAR).
Enfim, acordei nostálgica, pouco antes de acordar eu chorava como uma criança, enquanto conferia minhas coisas na caixa.
Enfim...
Vivi três anos em Marília, os melhores anos da minha vida até agora, lá fiz amigos e melhores amigos, lá conheci a falsidade, a arrogância e a outra face do ser humano. Foi lá que flertei com o amor e com infelicidade do amor não correspondido... Lá senti pela primeir vez a dor e a frieza da solidão.
Não me despedi de Marília, saí de lá em dezembro, após apresentar meu TCC, para me preparar para minha formatura, voltei depois para a colação e para festa, depois fui novamente e não voltei... Não arrumei minhas coisas e senti o vazio do apartamento antigo me invadir, não chorei, não imaginei como seria sem Marília e como Marília seria sem mim...
Senti tudo isso hoje, após meu sonho tão “real” e ainda estou sentindo aquela “dorzinha” com gosto de saudade, que chega sem avisar e que vai me fazer companhia por vários dias.
Sinto falta do ar de Marília, das pessoas despreocupadas e descompromissadas tomando “uma” no Texas, das pessoas preocupadas e compromissadas que andavam pelo campus puxando seus carrinhos enormes (odonto) e livros que pesavam mais que elas; sinto falta dos almoços de simplicidade única da Juliane, dos churrakers, das aventuras no mundo fast-food, das festas pra lá de agitadas com o Cássio, das conversas regadas a pizza do bar do Adolfo com o Fer, das aventuras da madrugada, até a loja de conveniência, à procura de leite condensado com a Ana Flávia, da balada a pé com a Thaís e seu indefectível cabelo selvagem, a noite de descobertas da dinastia “Reis” na cachaçaria, das noites de muito ou pouco sono com coca-cola, café ou simplesmente o conforto que nossas palavras traziam a nossos corações às vezes tão vazio, dos passeios de roupão, pijama e guarda-chuva, do aniversário cor-de-rosa no Chinelão, das garimpadas pela Paulistana, Torra-Torra e Riachuelo... Na, o que faço sem as nossas conversas mudas que sempre diziam tudo?
Hoje me sinto assim, em paz, me despedi da fonte de alegria, sensações e acontecimentos únicos que me acolheu durante três anos. Lembrar de tudo isso com saudade, com carinho é uma certeza imensurável; É estar em paz com a vida e com a missão que me foi dada.
É sentir-se mais que completa, talvez privilegiada ou simplesmente confirmar mais essa verdade: Que nessa época era feliz e já sábia...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma conversa à toa sobre a vida

Então é assim que a vida faz? Já diria o Lulu, com toda sua alegria contagiante e seu sorriso mágico que não sai do rosto.
É assim, diariamente, como respirar... Natural. E só perceber depois das coisas não darem certo que não se levantou com o pé direito.
Assim tem sido: Sol preguiçoso, ventinho frio, chuva, sol escaldante, calor, chuva, sol indo embora, noite caindo, céu estralado, chuva... Um ciclo. E assim foi-se janeiro, com seus longos dias.
Uma passada rápida pelas resoluções de ano novo: Primeira: Para de roer unha, vamos pra próxima; Segunda: Ganhar e guardar dinheiro, podemos voltar pra primeira?
Esquecer os ressentimentos, o que não deu certo, deixar que o que faz realmente mal vá embora. Mas e aquela vontade mais forte, de guardar aquele ressentimentozinho bem lá no fundo, com a certeza de que ele estará lá, só pra você lembrar dele de vez em quando?
E a sensação de chegar sempre tarde? Não conseguir ignorar a chuva quando a vontade é de se deitar na terra e sentir os pingos tocarem o corpo. (Este é um segredo, por favor, não espalhem).
Mais ou menos assim: O filme acaba, sobem os créditos, acendem as luzes do cinema e ela continua lá, sentada, embasbacada, na espera de que mais alguma coisa aconteça e que uma explicação qualquer (de um âmbito coerente) dê o mínimo de sentido ao que foi contado.
Ou a sensação que vem sempre antes do sono: Ela na estação acenando com um lencinho branco para alguém que está partindo no trem. A vida é assim... Sem respostas (rápidas).
Três passos para frente, nem precisa bater na porta. É só respirar fundo... Esforçar-se... Não olhar pra trás...
1, 2, 3... Gravando.