terça-feira, 13 de abril de 2010

Obituário

Dramalhões a parte, hoje eu soube que a publicidade perdeu um nome, ou quase um nome, ficou manca de uma perna, torta para um lado. Meio sem chão.
A menina do nariz arrebitado, que não é do Monteiro Lobato, a moça do mundo cor-de-rosa, de personalidade forte, de olhar marcante, cabelo liso e as vezes franjinha.
Aquela que já plantou uma árvore, de caju (que com sal e pinga Nega Fulô é muito bom), que não tem um filho, mas já me confessou, em off, que já pensou num nome pra ele. Ela casou, e talvez até use uma aliança, que eu sei que ela também já está escolhendo. E juntas, vamos escrever um livro (um filme ou seriado também valem).
Ela, que guardava as idéias na manga, como um mágico ou o melhor jogador de carteado, com sua sequencia de cartas prontas, a esperar pelo momento certo.
Aqui jaz uma publicitária, e sua bagagem de idéias: Slogans a espera da imagem perfeita, textos a espera do roteiro ideal, palavras soltas, que juntas diziam tudo, palavras saídas do coração . Adeus às respostas na ponta da língua, e explicações para o inexplicável.
Fiquei triste, porque tínhamos planos, investir num trio de criação, com duas redatoras e um diretor de arte, íamos emocionar o mundo com nossas propagandas de apelo emocional. Porque passaríamos noites em claro com um briefing na mão e comemoraríamos o dead line com champanhe no outro dia.
Ela mudou de vida, de cidade, de ares, de idéia... E o mundo da Moda com certeza vai pagar pra ver.
Em seguida fiquei feliz. Pelo simples fato dela estar feliz.
A hora certa? Ela já se deu conta. E não teve medo de começar de novo, zerar o cronômetro, agora é fé em Deus e pé na tábua, como ela mesma gosta de dizer.
Mas sinto pela minha publicitária preferida. E o mundo vai sentir também.
Mas eu vou continuar, eu fiz essa escolha e vou até o fim (e ela sabe como ninguém que tenho dificuldades para voltar, reconhecer que estava errada, que é hora de mudar) Mas ela me aceita, me admira, tem orgulho... E pra mim é isso que importa.
Eu vou seguindo com minhas idéias anotadas nos inúmeros papéis.
E ela sabe que se precisar é só estender a mão.
Eu também sei.

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