quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Morte

Luis Felipe tinha 3 anos quando seu avô, também chamado Felipe adoeceu. O diagnóstico fora certeiro e não tinha muito a ser feito.
O pequeno Felipe se entristeceu muito quando começou a ouvir falar que seu avô iria morrer e por isso foi conversar com o pai:
- Pai, o vô Felipe vai morrer?
E o pai com toda paciência começou a explicar:
- Vai Felipe, o vô está doente e vai morrer, vai descansar lá no céu...
Luis Felipe começou a chorar, o pai tentou acalmá-lo. Porém, as perguntas não pararam por aí:
- Pai, e o vô Álvaro, ele também vai morrer?
- Vai Felipe, mas não agora, um dia o vô Álvaro vai ficar bem velhinho e cansado, e vai morrer...
Felipe chorou mais um pouco pensando no outro avô e ainda aos prantos, continuou com as perguntas:
- Pai, e você, vai morrer?
- Vou Felipe, um dia o pai também vai morrer, vai ficar velhinho e também vai pro céu.
Nisso, João Vitor, o irmão mais de velho de Luis Felipe, de 11 anos, cansado do lenga lenga resolveu se meter na conversa:
-Ah, Felipe, até eu vou morrer!
E o Felipe, que não tinha gostado nada da interrupção do irmão foi direto:
- Então porque não morre logo!


Luis Henrique, irmão mais novo de Luis Felipe, citado na passagem acima é do tipo de criança atenta, que não perde nenhum detalhe, assim como o irmão, vive de olho em tudo que acontece ao seu redor, principalmente em quem morre ao seu redor.
No meio do ano de 2010, faleceu seu vizinho, Zé Marcondes, com quem ele tinha bastante afeição. Ele acompanhou todo o processo (velório e enterro) sempre atento, principalmente à esposa do Zé Marcondes, a Fátima:
Passado alguns dias, Henrique foi até a casa da vó Suely e começou a lhe contar sobre todos os defuntos que ele já tinha ouvido falar:
- Vó – começou o pequeno – O vô Felipe morreu!
- É Henrique, o vô Felipe morreu, né, coitado!
- A Corina também morreu! (Explicação rápida: Corina era uma vizinha da família, falecida há uns 2 anos).
- Morreu também, né Henrique.
- O Tatu também morreu! (Explicação rápida 2: Tatu era um rapaz que faleceu e que os dois irmãos fizeram questão de acompanhar o velório).
A avó não disse nada, apenas continuou acompanhando o raciocínio do pequeno:
- O Zé Marcondes morreu e a Fátima... – Nesse ponto ele parou a conversa e olhou para a avó:
- A Fátima não morreu, Henrique – Completou Dona Suely.
- A Fátima não morreu, mas vai morrer! E vai deixar a churrasqueira dela pra gente.

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