A família da minha mãe sempre foi muito grande. Meus avós tinham vários irmãos, que consequentemente tiveram muitos filhos, o que gerou também muitos netos e bisnetos, continuando a geração.
Minha tia mais velha, é chamada de Dada, casou-se muito jovem, teve três filhos (que já lhe deram netos e bisnetos também), separou-se muito jovem também, aos 29 anos e nunca mais saiu de casa pra nada. Voltou pra casa dos meus avós, eles morreram e ela continua lá sozinha, até hoje. Ela é do gênio difícil, que simplesmente virou as costas para a vida.
Essa minha tia sempre foi de contar histórias, e eu que apesar de ser do tipo falante, sou também uma boa ouvinte: Adorava quando ela ia em casa e contava histórias.
As melhores eram sobre ela e as primas mais velhas que colocavam o papel de seda que envolvia as maçãs argentinas nas gavetas de roupa, para tudo ficar perfumadinho e da tia, que morava na casa em frente a dela, que ia buscar água no quintal da minha avó e atravessava pelo meio da casa com os baldes cheios, molhando tudo.
E entre essas histórias havia a do Chibanti, um cachorro de estimação que comeu todos os docinhos da festa do José Bonifácio, marido de uma de suas primas, Angelina (Lina).
Nós crescemos ouvindo essa passagem e rindo da situação: Um dia, a história do cachorro comilão virou uma música e eu mostro a letra a seguir, uma letra simples, com uma melodia mais simples ainda, mas que retrata a doce e movimentada infância da minha mãe e de seus irmãos, e marca o início do meu livro de memórias.
CHIBANTI
(Luiza Marim/ João Marim/ Pércio Pereira)
Nada é mais como era antes
Que saudade do Chibanti
Me recordo aqueles dias
Só não tem fotografia
O quadrúpede adorado
Que por todos era amado
Não parava um instante
Que saudade do Chibanti
Mas, um dia numa festa
O cãozinho amarelinho
Num minuto de descuido
Comeu todos canudinhos
E fazê-los não foi fácil
Mas a Dada muito atenta
O serviço do Chibanti
Contou ao Zé Bonifácio
Chibanti o cachorro de verdade
Que deixou muitas saudades
Nos lugares que passou
Tristeza
Sinto falta do animal
Quatro patas, um fucinho
Enchia a casa de carinho
Sozinho
Em latidos dialéticos
Só que tinha um problema
Ele era epilético
Seu nome
Se escreve com CH
Nome belo e elegante
Que saudade do Chibanti...
Que saudade do Chibanti...
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